11/12/2025

Legado de Luz

 



Existem pessoas que se tornam eternas 

sem precisar permanecer.  Mesmo ausentes, deixam rastros de luz em nossas memórias.

Não importa a distância, não importa o tempo: elas seguem vivas dentro de nós 

como uma música que nunca se esquece, um perfume que insiste em ficar no ar. 

São lembradas não pelo que tinham, mas pelo que

foram capazes de despertar. Uma palavra que aqueceu, um gesto que

marcou, um olhar que atravessou a alma. No fim, não recordamos detalhes,

mas a intensidade do que sentimos. Quanto mais fundo nos tocaram, mais

imortais se tornaram em nós.

____Alba Simões

30/04/2017

No ventre do tempo


Agora a casa está vazia, 
Há muito tempo está.
Exceto as folhas das plantas que tremem ao vento.
Decorre a vida neste outono
e o pensamento é um esboço de palavras soltas.
Germinam versos no ventre do tempo.
Nas paredes o silêncio dos retratos.
Na janela uma poesia, um gato observando destinos ao por do sol.
Uma fruta arde no fogo: Aroma doce.
Quem dera fossemos;
Mensagens não lidas, retas que se curvam, notas musicais...
Ou pássaros sem ninhos, personagens sem estórias.
Amargos ou doces, simples escolhas nesta transversal.


Alba Simões

18/04/2017

Uma Arte


A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.

(Elizabeth Bishop; tradução de Paulo Henriques Brito)

17/10/2016

Pra hoje....

" A vida é breve para ser sobrevivida.
Vamos viver !
A cada pôr do sol, a cada instante.
Tudo é uma dádiva fugaz.
Todo ser é um novo horizonte a ser contemplado!"
__Alba Simões

21/09/2016

A eternidade do instante

As coisas tem o tempo que tem.
Indagações diante de um luar submetiam um reflexo de mim e a imagem criada de outros...
Para  o meu reencontro era preciso suavemente escravizar-me aos sentidos, cruelmente inevitáveis...
Uma fórmula de acreditar no amor e em suas contradições. 
Não este amor carnal e de egos.
Há tempos guardei dentro de uma caixinha de música - 
Estes amores de transes e de noites mal dormidas.
Sobrevivi  as contradições e as feridas...
Era preciso ultrapassar  a vaidade e as compaixões.
Nascia em mim uma ternura incompreensível.
E eu compreendi a eternidade de um único instante!
Alba Simões