Deixo o mar esculpir a pedra, adormeço numa caverna sem tempo ou memórias.
Fico como uma ostra perdida, na dor que se faz a pérola.
Este é meu mundo real, onde habitam todos meus personagens: Os bons e os maus.
Os bons me aconselham a retidão e o silencio, os maus me convidam ao mergulho em busca de alimentos...
Muito longe ficaram as cidades perdidas, os loucos engaiolados na matéria.
Minha alma está em paz, há uma parede invisível que me separa. Vejo tudo o que não me faz mais sentido: As coisas acumulam poeira, as coisas estão sempre sujas, e todas estas coisas tem um preço.
E neste mundo os loucos se deslumbram por coisa que brilham nas vitrines, coisas que depois de adquiridas perdem o brilho, em pouco tempo viram entulho, e como nós viram pó.
Porque este frenesi em adquirir consumir, construir, demolir é implantado pela Matrix de um sistema caótico.
E ainda tem as embalagens para o desespero dos consumistas, e as malditas etiquetas nos lugares mais impróprios das roupas.
Aquelas que coçam na nuca ou na lateral das costelas...
O aspirador de pó ligado, um celular tocando e os ponteiros te mostrando que você sempre está atrasado.
”A melhor maneira de sair do inferno é saber onde fica a porta da entrada”.
Era um sábado chuvoso, o telefone interrompeu as minhas corriqueiras divagações.
Do outro lado da linha, um vendedor de voz rouca e um tom de cinismo, me oferecia vantagens em comprar "Máscaras em Promoções".
Mas que diabos!!! - Pensei, nem chegara janeiro e já queriam vender adereços de carnaval?
Eu que sempre abominei esta festa, iria dar ouvidos para aquela bobagem?
Não quero nada - Respondi, e num surto de raiva,e desliguei o aparelho.
Minhas divagações mudaram de rumo, e no percurso inquieto dos meus pensamentos, ocorreu-me a estranha ideia:
- Por acaso poderia ser que aquele individuo pudesse me oferecer algo mágico, como um outro rosto, e com este rosto eu poderia fingir para eu mesma, ser outra?
Resisti a esta tentação transversal e turva...
Fui até a cozinha, fiz um café, sentei-me a mesa e fiquei a observar as frutas de cera que enfeitavam a fruteira.
Como seria experimentar o gosto de uma fruta de cera?
O que faziam ali aquelas frutas, estariam se mascarando para não serem devoradas?
Nada fazia sentido...Estava resolvida a retirar tudo que era artificial daquela casa...
Eu me deixo ser por enquanto.
Quero ser eu mesma!
Com esta solidão que me preenche, esta felicidade que eu invento.
As coisas que eu guardo neste vasto baú que chamamos de memórias...
Mas tudo era uma alegria disfarçada, como as máscaras de plástico e as frutas de cera.
E eu não admitia ser um disfarce!
A chuva estava feliz, aproveitei o momento propício e aconchegante
para fazer as pazes comigo, e me perdoei por não conseguir te esquecer.
Também não tive medo de ver o meu rosto, apesar do cansaço que refletia...
E percebi que a máscara que eu usara, não estava fora de mim, o que estava fora de mim era tudo verdade, porque era o que eu sentia.
Constatei: O rosto, e o cansaço que refletiam no espelho não eram meus.
Me senti nua diante de Deus.
Estava declarando o meu amor para a vida.
Estava aprendendo a viver sem a necessidade de possuir.
Vi coisas e pessoas tão reais, que não queria mais fechar os olhos...
Enquanto eu tentava compreende-las, eu simplesmente não existia...
Eu fizera uma grande descoberta sobre mim...
E apenas chorei, sem pensar em mais nada.
E finalmente libertada, me senti em estado de glória e de
E apesar das horas breves e de toda efemeridade que há por fora,
uma parte dessa nossa humanidade ainda sonha.
Por vezes somos doçura, esvaziamos os potes de cólera que nos envenenam e levemente nos religamos a mágica essência de viver em harmonia.
A contagiante alegria , que nos invade, quando abrimos as janelas da alma
e constatamos:
Hoje é um dia bom pra se viver!
Talvez por esta esperança, ou pela força e coragem que nos é inerente,
nos tornamos uma espécie sem limites aos apelos da sobrevivência e da felicidade a qualquer preço.
E o que é felicidade, como encontrá-la?
Tão simples e tão complexa esta palavra, que queremos freneticamente comungar a cada segundo de nossa existência.
Somos seres fugazes e imperfeitos, mas também somos capazes de decidir e traçar o nosso destino.
Pode nos parecer uma tarefa árdua e difícil, escolher entre toda nossa humanidade e selvageria!
Desde remotos tempos, temos visto mais clemência entre os animais irracionais do que dentre a nossa espécie.
E tristemente concluímos:
Quanto menos se sabe, mais se é feliz!!!
Mas façamos de cada dia, um novo ciclo, podemos evolucionar este velho conceito, aliando a nossa sabedoria, a nossa capacidade de amar e respeitar incondicionalmente.
Sem adiarmos nossa conduta humana para o próximo ano, o próximo mês, a hora é agora!
Tornandocada segundo, um elo positivo a agregarmos aos dias vindouros.
E que assim possamos comemorar, sem aqueles antigos costumes irônicos, a chegada de mais um ano novo.
E que depois da meia-noite, estejamos livres dos antigos erros e enganos!
Antes de desejar-lhes um Feliz Ano Novo:
Desejo a todos um excelente dia!
Alba Simões
("...A gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de
cólera. A gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez. "
Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso “fosse mesmo” o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado poderia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.
Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar – não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele – mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.
… mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
(Perdoando Deus. in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998 )
Acho que ninguém passa a vida como uma folha em branco, sem escritos, sem rabiscos.
Tudo vai sendo escrito na alma, os momentos vão sendo registrados , misturando o que foi com o que deixou de ser, as grandes expectativas com as grandes decepções.
Cada página virada traz as marcas das que passaram e com o tempo vamos aprendendo a prudência nas relações.
Quando somos jovens é diferente, pois a esperança é tão eterna quanto o amor que toma conta da gente.
Mas os anos nos trazem a vivência, a desconfiança e a memória das coisas que nos fizeram mal.
Se na juventude nos jogamos de cara a cada nova oportunidade, mais tarde aprendemos a caminhar lentamente, olhar de longe, tentar reconhecer os riscos e buscar garantias.
Essas mesmas garantias que só são assinadas depois, bem depois, caso existam.
A vida não nos abandona e as oportunidades vão surgindo.
Mas, com elas as feridas que se reabrem, que revivem e fechamos os olhos a, talvez, belos instantes de felicidade plena e eterna.
Não sabemos!
Não podemos saber!
As pessoas não são iguais, mas tão parecidas!
Não queremos sonhar de novo e cair de novo, chorar de novo e parecer tolos aos olhos dos outros... preferimos fechar as portas do coração e olhar pela fresta, imaginar o que teria sido se tivéssemos, pelo menos, tentado...
Queremos sempre o amor, nunca a dor que dele resulta.
Queremos o mel, a alegria e até a saudade que pode incomodar o coração, mas dor... dor não!
Não sabemos, talvez, que seja esse o preço e que a alegria de amar um tempo vale mil vezes a dor cravada na alma.
Amar alguém é elevar-se ao ponto nobre da vida.
É tocar o céu e ter a terra aos seus pés.
E se mais tarde os ventos contrários nos trazem de volta, valeu a viagem, valeram as lembranças que carregamos e que nos sustentam.
E entre os escritos da vida, prevalecem, no fim, o néctar que soubemos tirar das flores, a poesia que tiramos dos amores, mesmo daqueles que tiveram fim...
Tudo ritmava descompassado. Eram sons que enraizavam na terra, martelando serrando, cavando... A britadeira ferindo a pedra.
Os tímpanos do mundo estavam cansados. Quis ensurdecer-se, sem vocação para os ruídos que transformavam as coisas... De súbito lhe ocorreu a passagem da Via Crucis, silenciando sua mente. Pois alguém estava morto por ela, alguém que suportou pregos na carne, e agora estava na parede, em forma de um terço e nenhum terço da humanidade se lembrava mais... E regressou depois até o Big Bang, hesitou em vertigens estar lá, no exato momento da concepção do Universo... Em êxtase estava no meio do nada e a sensação era boa. A principio teve medo desta sensação de ainda não estar existindo! O telefone tocava há anos luz... Quem estaria na linha? Voltava ao grande colapso: Múltiplas cores, festejando o nascimento de um primeiro átomo. A concepção do mundo:-Era um ato de amor, mas era também paixão de Deus que descobria a terra e parecia que ela estava em estado de volúpia... Assim consumava-se diante de seus olhos o início do amor e do ódio. O terço na parede, e nele um corpo e sua cruz. E ela que nunca tinha rezado, acreditava no milagre. Ela sabia que haveria a salvação e redenção. Então rendeu-se também a deixar-se transportar por esta viagem sem destino. Adentrando a vida de todas as mortes. Desembarcando no tempo em que só havia a matéria, talvez almas de anjos e divindades, e percebeu que ela também tivera se transformado através destes séculos... Estava sendo esmagada por uma pata enorme de um dinossauro. Maldito!: - Ela pensou. Aquele momento de dor, a pata gigantesca de um lagarto pré- histórico poderia destruí-la? Não sua matéria. Pois esta ainda não existia. Assustou-se com a hipótese de que aquele peso pudesse arruinar sua volta para casa, caso lhe destruísse o pensamento... Que devaneio! E o pensamento criava boca, uma boca de carne utópica que gargalhava por saber que seu predador era de vida breve,e muito antes de ela ser, ele estaria extinto... Efêmero! Como sentiu prazer nesta palavra, era volátil como ela. Estava tão encantada pelo efêmero, que nem percebera a extinção do réptil e a desintegração de toda a sua espécie. Pensou no enlace destas coisas abstratas que era ela - a volátil e o que era ele - o tempo. O tempo era agora seu herói, tivera lhe salvado o pensamento. Sim era isso, estavam sendo cúmplices. Derradeiramente então poderia até amar o efêmero. Era o verbo sem conjugação, os ecos de um pensar, apenas. Que coisa bonita ela era; sem ser nada! O pensar sem matéria, sem dramas, sem paixões, sem dores, sem fome.... Era um mistério e uma revelação! O pensar era digno, essencial e único. Como um sobrevivente libertado. Não escreve-se o Pensar, ele é indomável como o Tempo. Quero voltar para casa, estou tão distante e diferente depois desta densa jornada. Não sei qual é o caminho de volta. O destino me faz reconhecer as estrelas através da janela do meu quarto esquecido em milênios. O terço na parede envolto pela meia luz de uma vela que chega ao fim. O relógio me indaga sobre as horas, como um pai que dita regras. É tarde ou cedo demais? Gostaria de ter certezas, mas quem sou eu para saber das certezas? O sono me convida ao abismo do esquecimento. A casa está igual, exceto o corpo celeste que vejo na cruz do terço. Agora as paredes são invisíveis aos meu olhos. E os ruídos do mundo,não me atormentam... O pensar me transformando novamente em matéria viva. Concluí que ele tivera me seduzido ao longo destes anos e agora poderia me trair... E quem era aquela que fui ? Volátil, efêmero, átomos e concreto. Tudo religava-se novamente. O universo a grande comunhão incompreensível... A casa, a cruz, e o meu corpo eram uma coisa só.
Este antigo e perfeito discurso continua atual, pois várias gerações passaram cegas e surdas aos direitos da liberdade e da verdadeira democracia...Sempre é tempo de abrir os olhos, para não sermos bombardeados com as armadilhas inescrupulosas dos podres poderes, que manipulam a humanidade para a decadência e a estupidez.
Infelizmente depois de tanto tempo, vemos imperar neste sórdido sistema: Abuso de poder, tirania, intolerâncias raciais e religiosas, corrupção, deterioração de valores éticos e morais!
Este espaço continua com o mesmo propósito de publicações voltadas para a divulgação e a propagação das Artes e da Cultura!
A nossa intenção não é promover entretenimento descartável, destes que as mídias televisivas e radiofônicas tem o descaramento de manter por longo tempo.
Fica no ar uma pergunta aos leitores:
Todo este lixo apresentado nos horários nobres, seriam consequência da ignorância dos patrocinadores que financiam estes Bigs Estrumes, que nada acrescentam, nada divertem, apenas corrompem valores de jovens e crianças?
Ou a ignorância é do próprio povo, " com raras exceções " que quer continuar alienado, despreparado robotizado,
sem noção, "voyeurs" da carniça, que qualquer abutre mais esperto lhes oferecem como grande banquete?
Por acreditarmos num mundo melhor e sempre democrático, ilustramos este texto com o grande mestre Charles Chaplin em seu discurso no filme: O Grande Ditador ( 1940 )
O que inspirou a redigir este texto foi quando me deparei com um jovem universitário, que costuma acompanhar estas mídias descartáveis de grande audiência.
Quando ele me respondeu: Que Hitler era um cineasta, e que S.O.P.A é comida de velho, e P.I.P.A brinquedo de criança.
Não sei como este jovem entrou para a faculdade, ele faz curso de história.
O que será que ele almeja?
Talvez simplesmente obter um certificado de curso superior, ou quem sabe, um emprego de professor!
Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor por essa vida mortal a assassinava docemente aos poucos. E o que é que se faz quando se fica feliz? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda que já está começando a me doer como uma angústia e como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não, ela não queria ser feliz. Por medo de entrar num terreno desconhecido. Preferia a mediocridade de uma vida que ela conhecia. Depois procurou rir para disfarçar a terrível e fatal escolha. E pensou com falso ar de brincadeira: “Ser feliz?Deus dá nozes a quem não tem dentes.” Mas não conseguiu achar graça. Estava triste, pensativa. Ia voltar para a morte diária.
Seguindo pelos penhascos dos medos, nos escombros dos sonhos...
Esquecemos nossa coragem, e ficamos desatentos nesta berlinda.
Onde o amor se perde cada vez mais e mais...
Protagonizamos glórias como heróis, mas vamos
sendo derrotados como bizarros fantoches de um sistema
cabotino, sagaz e hipócrita.
E ao acordar nos sentimos como números ou peças emperradas numa engrenagem gigante!
Por detrás das cortinas, ao retirar a máscara pesada, percebemos nossa grande e deprimente atuação.
Personagens aplaudidos pelas mãos que nos manipulam.
E isto é a vida?
Nada para além desta marcha, patrocinada pelas vitrines das ilusões?
No cotidiano dos controles, acordamos com o remoto nas mãos, e não percebemos que há vida lá fora.
Uma vida real, plena de possibilidades de nos humanizarmos...
Há belezas além destas fronteiras impostas, quase a nos robotizar...
E o tempo continua, sem freios...
Não há teclas Slow, ou pause na trajetória da vida!
Não podemos congelar a cena, então vamos vivê-las!
Da melhor maneira que pudermos.
Resgatar nossos verdadeiros sonhos, e arriscar todos os nossos sentidos!
Alegrias e tristezas certamente farão parte deste nosso percurso!
O maior desperdício consiste na triste acomodação de não pensarmos, agirmos e sermos tudo aquilo que realmente somos!
Alba Simões
Texto inspirado pelo filme: A Ilha
Sinopse: No futuro existe uma entidade utópica baseada na vida do século XX!, que procura recriá-la nos mínimos detalhes. Lincoln Six Echo (Ewan McGregor) vive nesta realidade e, como todos seus residentes, sonha em chegar em um local chamado "a ilha", o único ponto não contaminado do planeta. Após descobrir que todos os habitantes são clones, que possuem a única finalidade de fornecer partes de seu corpo para seres humanos reais, Lincoln decide escapar juntamente com Jordan Two Delta (Scarlett Johansson).
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos, para não morrermos soterrados na poesia da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência : isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante : "Parar pra pensar, nem pensar !"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar : reavaliar-se .
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar. Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondemos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se : a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
A poética letra da música de Alvin L, intitulada: Eu não sei dançar na bela voz de Marina Lima, remete a uma sensação de um amor solitário! Porque muitas vezes nosso ritmo é mais acelerado e inquieto. E temos uma ansiedade louca em busca de paixões impossíveis, ou melhor, incompatíveis! Prefiro acreditar nas incompatibilidades, que nas impossibilidades! “E Tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar..." “Eu não sei dançar tão devagar pra te acompanhar...” Questiono: O que seria dançar devagar? Rotina, apatia ou apenas um tipo de comportamento de pessoas normais. Aquelas que não ousam, ou temem se arriscarem a viver as grandes paixões... Pois isso poderia significar saírem do eixo estabelecido pelo equilíbrio em que se apoiam. E estas “grandes paixões” podem ser atribuídas aos amores, às coisas, aos sonhos. Ou até uma conquista pelo amor próprio! Acredito que deixar passar a vida, e nunca se arriscar as novas possibilidades de experimentar alguma mudança, é um grande marasmo! Assim, muitos acabam presos em seus próprios conceitos. E esta é a grande solidão com vista pro mar. Mas esta é apenas a minha opinião diante deste tema. Convido você a se expressar aqui. Sua opinião ou crítica faz toda a diferença!
Além das suas participações de destaques especiais nas telenovelas de grande audiência na TV brasileira.
É autor da música Amélia, em parceria com Ataulfo Alves.
Em tributo a este grande artista, uma pequena desconstrução de sua máxima obra musical intitulada: Amélia.
Que não me condenem os saudosistas:
Mais com todo respeito à Letra da Música Original, que trata da mulher subalterna a sociedade e ao sexo oposto.
Uma reverência a desconstrução da mesma, pela cantora/compositora
Pitty em: Desconstruindo Amélia;
Que só poderia ser desconstruída e focada para tal versão, tratando-se de um clássico no cenário da nossa música considerando as grandes transformações e mudanças em nossa história social!
Ai que saudade da Amélia - Mário Lago
Nunca viu fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Porém estas "Amélias", décadas depois são bem diferentes da protagonista da obra original de Mário Lago e Ataulfo Alves.
Será que ainda haverá alguma Amélia que resista às mudanças no decorrer do tempo?
Ou melhor, elas evoluíram ou foram obrigadas a mudar seus comportamentos, perante uma sociedade democrática que hoje as inclui no acirrado mercado de trabalho e possibilitando-as serem eleitas como Presidentas?
Se houver alguma discordância deste contraponto, assinem por aqui!
Mais deixo bem claro que todas estas "Amélias" têm seus respeitosos valores, logicamente cabíveis na época em que viveram!
Vender um carro não é tão difícil assim. O problema é que agora inventaram que a gente tem de ir ao cartório. Assinar lá aquele papelzinho e o sujeito reconhecer a firma da gente. Não adianta mandar ninguém. Tem de ser a gente. Pois é. Vendi o meu carro e lá fui eu, na quarta passada, reconhecer a minha firma, palavra pomposa para a nossa humilde assinatura. Assinei na cara do sujeito e entreguei. Me pediu a carteira de identidade. Meu Deus, esqueci. Tento quebrar o galho. — Sem a carteira de identidade não tem possibilidade. — Meu amigo, está chovendo, foi uma luta estacionar o carro e... — Impossível. O senhor não viu escrito ali? Foi quando eu me lembrei do Estadão que estava debaixo do braço. Minha coluna, minha foto. Mostro para ele. — Está vendo? Sou eu. Olhou para a foto, olhou para mim. — Reconheceu? — É, reconheci. Mas, para reconhecer a firma, só com a identidade. É lei, olha a fila, meu senhor. — Meu amigo, a carteira de identidade é para provar que eu sou eu, não é? Pois eu acabo de provar que eu sou eu. Ou não? — Eu sei que o senhor é o senhor, mas não adianta. Olha a fila. — Posso falar com o seu chefe? — Não vai adiantar. É aquele. O de peruca. Seu Wilson. Caminho na direção do seu Wilson. De longe, já começo a analisar a peruca dele. Peruca de homem, não sei por que, sempre me fascina. Me dá uma vontade quase incontrolável de arrancar, de fazer com que todo mundo em volta ria. Vou olhando em volta. O cartório evoluiu muito. Agora está cheio de computadores. Tá "muderno". Numa mesa a Dulce, a Dudu e o Ferreira (gripadíssimo) dominam o computador para, logo em seguida, bater o carimbo. O carimbo! Céus, quando é que o burocrata vai livrar-se do carimbo? Fico olhando o trabalho da Dulce enquanto o da peruca atende uma senhora de laquê, muito nervosa. Conto: a Dulce bateu 93 vezes o carimbo em um minuto. Isso é que é funcionária! Mais ou menos uma e meia carimbada por segundo. Está noiva, a Dulce. Seu Wilson era inteirinho cinza. Ia do cinza claro do terno até o cinza escuro da olheira. Seu Wilson estava conversando com a de laquê, me olhando de lado. Chega a minha vez. Ele: — Conheço o senhor de algum lugar. O senhor já não foi no programa do Jô? — Meu nome é Mário Prata e... — Claro, do Estadão. Reconheci o senhor assim que vi o senhor entrando. Qual é o problema, Marinho? Odeio que me chamem de Marinho. Mas como havia sido reconhecido, tudo bem. — É o seguinte, seu Wilson. Vim reconhecer a assinatura da venda do carro e não trouxe a carteira de identidade e... — lh... — Mas como o senhor me reconheceu, pode reconhecer também a minha assinatura. — É, mas só que, pra reconhecer a assinatura, eu preciso da sua carteira de identidade. É uma questão legal. — Legal, né? Sentei. — Seu Wilson, acompanhe o meu raciocínio. — Pois não. — O senhor precisa da minha carteira de identidade para ter certeza de que eu sou eu, não é isso? — Exatamente, Marinho. — Mário, por favor. Mário Alberto Campos de Morais Prata. Então, continuando, se o senhor sabe que eu sou eu, acho que a gente podia deixar a carteira de identidade pra lá. — Veja, Mário Alberto (piorou!), quando o decreto saiu no Diário Oficial... — Tudo bem, tudo bem. Mas me diga, seu Wilson: quem sou eu (aliás uma pergunta que me tenho feito muito: quem sou eu)? — O senhor é o Mário Prata. — O senhor reconhece isso? — O senhor está querendo me pegar, não é? Olha, Campos, agora não posso mais. O meu funcionário, entende? Eu não posso passar por cima dele, tirar a autoridade dele. Se o senhor tivesse me procurado antes, aí sim, talvez... Fiquei me segurando para não arrancar a peruca dele e colocar fogo. Estava com o isqueiro aceso. Acendi o cigarro, pensei no meu avô Mario que tinha cartório em Uberaba. Pensei em Jesus pensando nos pobres de espírito, pensei no Brasil, pensei na mãe do seu Wilson, pensei que eu não era mais eu. Liguei para a Isabela, que ia comprar o meu carro. — Isabela, desisti. Descobri que eu não existo, Isabela. E fui para o divã do dr. Leonardo Ramos, que tem de carimbar a receita para que eu possa comprar Lexotan.
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o
mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se
perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou
pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de
sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem
a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos
estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos
bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e
sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas
vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um esconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o
aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é
fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não
funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão
estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em
contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e, portanto
estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser
ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso:Não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada
de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou
dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo
tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os
espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em
compensação os bobos ganham a vida. Bem aventurados os bobos porque sabem sem
que ninguém desconfie. Aliás, não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com
burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah,
quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase
impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz
de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.