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30/04/2017

No ventre do tempo


Agora a casa está vazia, 
Há muito tempo está.
Exceto as folhas das plantas que tremem ao vento.
Decorre a vida neste outono
e o pensamento é um esboço de palavras soltas.
Germinam versos no ventre do tempo.
Nas paredes o silêncio dos retratos.
Na janela uma poesia, um gato observando destinos ao por do sol.
Uma fruta arde no fogo: Aroma doce.
Quem dera fossemos;
Mensagens não lidas, retas que se curvam, notas musicais...
Ou pássaros sem ninhos, personagens sem estórias.
Amargos ou doces, simples escolhas nesta transversal.


Alba Simões

18/04/2017

Uma Arte


A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.

(Elizabeth Bishop; tradução de Paulo Henriques Brito)

21/09/2016

A eternidade do instante

As coisas tem o tempo que tem.
Indagações diante de um luar submetiam um reflexo de mim e a imagem criada de outros...
Para  o meu reencontro era preciso suavemente escravizar-me aos sentidos, cruelmente inevitáveis...
Uma fórmula de acreditar no amor e em suas contradições. 
Não este amor carnal e de egos.
Há tempos guardei dentro de uma caixinha de música - 
Estes amores de transes e de noites mal dormidas.
Sobrevivi  as contradições e as feridas...
Era preciso ultrapassar  a vaidade e as compaixões.
Nascia em mim uma ternura incompreensível.
E eu compreendi a eternidade de um único instante!
Alba Simões

19/12/2015

Sabe aquilo que deixei?

Um tigrinho preto
abandonado e manco um filhote
Alimentei-o, e eu era nada
Num palco azul, quase que distante, surge um Leopardo
Anoiteceu um mistério de mãe, que deixa seu rastro e vaga...
Sabe aquilo que deixei?
Um espelho, uma vida, e sonhos adormecidos.
Um elo, um eco é um vazio de reflexos sem respostas.
Alba Simões

07/09/2015

Para você que não me leu.

Para você que não me leu.
Hoje choveu e lavou portas e janelas infinitas...
E pelos telhados quebrados adentraram anjos e estrelas.

As horas pareciam parar, entre memórias e mantras.Para você que não meu leu, era setembro e já brotavam as coisas que um dia vou te contar.

Alba Simões

19/03/2015

Ecos e Elos


Nos escombros do cotiano, há poemas soterrados...
Estamos todos cansados pra remover pedras seculares.
Sepultamos nossos ideais,vestindo as máscaras deste sistema cabotino.
E o que nos resta?
Deixar que a poeira se acumule as rochas intransponíveis?
Sair de soslaio pelas portas demolidas, voar pelas arestas das janelas sem noites...
Porque a razão aniquilou as serenatas dos cancioneiros...
Nossas ruas não tem mais esquinas, nosso palco fechou as cortinas.
Nossos amores uniram-se ao útil que lhes restaram.
Nossos amigos agonizaram num telefone sem fio.
Estou a beira, com um poeta que conheci sentado na soleira.
Ele apenas canta sem rumo,há muito tempo esvaziou-se dos elos,
e não leva nada na algibeira!


Alba Simões

18/03/2015

Anjo sem asas

Sou anjo caído na estrada
Ajoelhado, com as asas quebradas
Nos olhos a amargura da solidão
Uma flecha pontiaguda atravessou o meu coração!

Meus dias estão incertos
Eu danifiquei a máscara
Meu rosto está descoberto
Como voltar para casa?

Eu sou um vento frio!
Um pote vazio
Chuva gelada
Caminhos tortuosos na estrada

Quem passa não me vê
E quem me vê só quer me esquecer
Eu sou predestinado à solidão
Guardo os meus segredos no coração

Eu sou a canção que ninguém cantou
Restos do amor que se acabou
Eu sou a lágrima do humilhado
Um espírito cansado

Eu sou como a porta do cemitério
Todos os que entram nela, temem ir para o inferno
Eu sou o mistério que lhe tira o sono
Sou a angústia do abandono!

Anjo que não consegue e não quer voar
Sem as asas onde estão os motivos para sonhar?
A noite cai e as estrelas sumiram do céu, escureceu!
Esqueceram de mim e este destino é só meu!


Poema registrado na Biblioteca Nacional
No livro: "EU VOU ABRAÇAR A VIDA!" E OUTRAS
Página 29
Personalidades:
JANETE FRANCISCO SALES YOSHINAGA - Autor(a)
Nome artístico: Janete Sales Dany
Registro: 606038

09/03/2014

Velhos Quadros


O tempo é este corredor de cores
Entre palavras perdidas, pincelando velhos quadros,
reconstrói amores fugidios...
Esboça nesta tela sedenta, a cor do sangue!
Veste tudo que é vida com este desejo que não sabe o que quer, e também pode ser a morte.
Desconstrói o infinito, porque tem fome de estrelas, de templos e catedrais!
O tempo é um eco sem voz.
É memória, é história, é este exato instante.
É o traço, é o rebento e o rastro...
O tempo toca o tempo todo - Inexoravelmente!
Alba Simões

23/02/2014

Solidão disfarçada de alegria


No corte profundo das despedidas, os sonhos cicatrizam os amores não vividos.
As sombras se revelam nos corredores impróprios...
Máscaras das vaidades profanas dançam na escuridão.
Ilusões que cegam almas!
O peso hostil deste cotidiano cansado, nos arrasta pelas transversais vazias.
É um luxo que sobe escadas, para se atirar das janelas...
Neste vai e vem, onde quase tudo entorpeceu, constata-se:
Solidão disfarçada de alegria!
Alba Simões

06/10/2013

Aborto In Consagrados.

Aborto...
Dos desenganos e tormentos.
Pensamentos e lamentos.
Dos rituais in consagrados.
Da falta de cuidados com o amor
Aborto ao despudor das ironias das vidas vazias...
Quanto dói e sangra esta poesia.
Que não nasceu no seu coração petrificado.
É um carma?
Ou será uma manhã incógnita, onde uma palavra eternamente adormeceu...
Este é o meu aborto sem culpas...
É a minha Ode ao seu poema, que em mim morreu!
Alba Simões

05/10/2013

Contrastes Inversos

Assim como a lua brilha,
o sol me alucina.
Arde e aquece...
Que não tarde a exortação dos poetas!
Aqueles que se perderam no
desenredo deste mundo conturbado!
Que Deus nos salve, destas metas 
hipócritas, onde os idiotas se iludem...
E a vida se incube em destinos.
O desatino é esquecer a essência e 
adormecer um verso nestas lindas noites de luar!
Aqui deixo meu beijo, a todos!
São poucos, mais são lindos e 
essenciais.
Alba Simões

04/03/2013

A Palavra Nua que te Beija

Renascida sobre as pontes desmistificadas,
trilho um caminho novo!
Um sorriso pra você, que me lê. 
É isso que lhe posso oferecer, sou renascida neste dia 
no alvorecer...
Acordei sem saber, porque aqui estava.
Talvez por causa do amor.
Se você me achar simplória ou ingênua, me deixe Ser.
Quando eu aprender falar de amor, que dizem os adultos, ser uma palavra tão  complexa,escreverei com leveza e intensidade!
Quando eu puder compreender o mundo, eu voltarei...
Verso solto e liberto!
Palavras sem vertigens.
Serei um poema compreendido, para além das estrelas...
Para você que me lê, transcenda!
Não sou a voz do poeta, sou a palavra nua que te beija!
Alba Simões

28/02/2013

A ponte de um Segredo

Ao meu verso esquecido, naufragarei como um navio antigo.
Neste mar de lamentos, meu tormento da palavra que se cala.
Desta folha em branco que me olha e entre-olha, em desafio
Paradoxo desatino.
Grito mudo, do meu espírito escrito!
É bálsamo que me purifica, e me liberta em silencio!
Onde se esconde este poeta, que sem a palavra
se perde no tempo e sangra sem destino?
Rogo que venha-me o rebento, estou sem ar, sem sangue, sem vida...
Não é a inspiração...
Foge a árdua criação que me sacia, e como uma catarse me recria.
Neste branco desespero, sacrifício latente do oficio, que agora
é velado...
Eu suplico, a cada letra absorvida,a cada palavra fugidia, o perdão dos meus excessos de  amor,e a fúria  dos meus medos nelas contidas...
Dos meus enganos nas linhas tortas, das minhas metáforas equilibristas.
Se morrem os poetas que me habitam, deixo tudo...
Não farei mais da minha dor, a  ponte de um segredo...
E como apelo final deixo meu ventre e minha alma, como um ritual de oferenda.
Para que  eu possa parir nesta impiedosa folha, sentir ressuscitar como um milagre:
Um verso, uma canção, até a minha póstuma poesia.
E que ao nascer, ela simplesmente lhe sorria!

Alba Simões

15/01/2013

Entre Fadas e Dragões

Quero uma palavra despida!
Um futuro sem números, instantes sem mortes.
E vejo numa estrada de mão única, os apelos do destino de uma vida...
As chuvas lavam o passado, o sol aparece tímido entre as nuvens de janeiro.
No céu o espetáculo das cores do arco iris.
Promessa divina que sempre se cumpre.
É a vida em seu recomeço!
É o instante que sempre nasce.
E nos acolhe, nos alegra, como aquela flor que brota,
num velho jardim esquecido...
A antiga estrada, está mudada.
E os campos que as norteiam, são vastos...
Retiro a ferida dos olhos do dragão.
Descobri que ainda existem fadas, mesmo em reinos desencantados.
Agora eu não planto mais as velhas sementes e palavras, elas simplesmente brotam como os milagres naturais.
Pequeninos insetos defecam na terra a semente que os nutrem.
E eis que surge a  nova semente - já adubada.
A colheita certamente será cada vez mais abundante.
Então é isso - Há vida em tudo!
Mesmo no silêncio que parece um corte profundo.
É encontrada a palavra, que se despi para um novo mundo!
Alba Simões

04/12/2012

Palavras Despidas

O meu sonho, navegante vai...
Dançarino, viajante e contente
como a nua expressão da minha alma.
Cavalga sobre todos os instantes...
E flutua rindo como um Pégaso.
Desmaia numa noite de eclipse,
e dança com a estrela ao meio-dia...
Sente a vida impetuosa e satisfeita,
na implacável verdade do sol.
O meu poema sussurra no abismo em silencio.
Desejo desta luz, a minha extrema profundidade!
Transcede o longínquo futuro, que nenhum poeta viu.
Vai para além destas palavras despidas.
Vai para além destas catedrais de parábolas e fantasias.
Vai para além do amor e da morte.
E perpetua-se neste palco inventado,
entre as cenas desta vida!!!
Alba Simões

18/11/2012

A casa das ausências

Quem é esta imagem?
Que não desaparece quando a luz se apaga,
nem descansa no berço noturno de meu sono,
que segue antecipando conclusões dos pensamentos
e chega antes de mim onde nem sei se posso?
sutil e perversa, ela percorre o itinerário torpe de minha consciência e lê os livros antes que os escreva...
Conhece o lugar onde deixei os rascunhos das frases inacabadas,
e sabe da omissão de minhas rasuras
Exausta ela dorme no ermo dos meus esquecimentos,
onde sussurra em segredo o desassossego daquele nome"

(Poema extraído do livro :"A casa das ausências" de Ézio Deda.)

24/10/2012

Antes do fim do mundo


No caís deixo a  saudade, 
As paixões e as lembranças...
E no mar - Minhas lágrimas sem destino.
Como as algas que flutuam. 
Deixo levar meus pensamentos...
Sem retratos, sem poemas.
O tempo me vale.
Triunfa como cada minuto de um rebento! 
Porque sei que nada levaremos,
além desta esperança.
Talvez um amor perfeito.
Esperarei no colo do acaso, nas margens de um rio...
Que passa e deixa um veleiro ancorado.
Alma cálida, leve, vertigens sem apegos.
Navegante das incertezas.
E antes de mim, tudo era...
Assim será depois...
Depois do  fim.
Alba Simões

17/09/2012

Delírios

Delírios

 Encontro sutil e sereno, me fizeram divagar,
 pelas horas que não vivemos...
E naufraguei nos sonhos de uma quimera.
Velejei pela tua alma revelada...
E ancorei no teu regaço.
Como quem eternamente adormeceu!
Alba Simões

15/07/2012

Só quem ama é livre


Longe, um arco-íris pinta o céu.
Vejo tudo pelas frestas
arestas dos sonhos adormecidos...
Voo alto,nas asas que o pensamento cria.
E um velho mundo se desfaz, como quadros 
desbotados.
Esqueço desenhos de pântanos e solidão.
E eu vou de encontro ao arco-Iris,
esta é a esperança brotando entre
as pedras dos desenganos...
Só quem ama é livre.
Abro todas as janelas da minha alma.
O vento vem secar as lágrimas, daqueles que 
acreditam, que se renovam, que nunca desistem de
si mesmo...
Enquanto houver vida, haverá sonhos, e o paraíso
se reconstruirá bem mais perto que possamos 
imaginar.
A felicidade pode ser uma gota da chuva,ou o oceano 
inteiro, mas só é quando a sentimos dentro de nós.

Alba Simões

20/06/2012

Sementes & Palavras

Sementes e Palavras

Escrevo teu nome nas veredas esquecidas.
Lembranças de outonos.
Jazigo das antigas flores,que ainda perfumam nos canteiros das ilusões.
Desenhos de casas com suas velhas varandas de sonhos e amores...
Papéis desfeitos no murmúrio das horas.
Estou entre as relíquias, relógios, restos...
Paira sobre todo impossível um gigante girassol,
anunciando a terra fértil de um  novo jardim.
Eu escrevo e planto, sementes e palavras.
Em cada semente o futuro e a glória dos sentimentos imortais.
Em cada palavra tudo se renova...
É preciso viver - enquanto escrevo, tudo germina.
Rebentos, pétalas, caule e espinhos.
Entre sementes e palavras, encontro o meu destino.


Alba Simões