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07/12/2011

Passeios Incógnitos


 Era uma tarde chuvosa e no momento não estava atenta.
Eros passou despercebido...
A libido se fora com a canção.
Efêmeros cansados fizeram uma festa!
Não sei por que fui e brindei com os deuses insensatos...
Mas vi Psique e Narciso nos reflexos de um velho espelho meu...
E cansada, menos que Prometeu...
Gigantes deuses dissolveram-se.
Na meia luz do meu quarto, cercada das incógnitas sombras...
Pulsa alma, calma, ócio e solidão.
Quase em desespero acordo livre...
Distante de todas as lembranças e paixões!
 Alba Simões

21/08/2011

Os Corpos Dóceis

O corpo é descoberto enquanto uma fonte inesgotável de poder, enquanto máquina, sistema e disciplina. É simultaneamente dócil e frágil, algo possível de manipular e facilmente adestrável, enfim, suscetível de dominação.
Os Corpos Dóceis, em Vigiar e Punir, de Michel Foucault
As formas de controle.

Sobre as formas de controle, Foucault insere o conceito de horário como forma de controle, e que deve ser útil, ou seja, o corpo tem que seguir um padrão de horário a fim de se estabelecer prazos e limites para as produções do mesmo. “Tática, ordenamento espacial dos homens, taxinomia, espaço disciplinar dos seres naturais; quadro econômico, movimento regulado das riquezas.” (Foucault: 1995, p. 136). As mais diversas táticas de controle são aplicadas, o que faz com que um corpo destituído das marcas da cultura, um corpo exterior à história, é impensável.” Devido a um rigoroso processo de controle, os indivíduos são fabricados e tomados como objetos e agentes concomitantes. As mais variadas formas de controle passa-se a atuar em: classificar, observar, registrar e controlar tudo e todos num processo indefinido, levando até mesmo o “autor da arqueologia sobre o poder” (Foucault) a questionar: "Esta dificuldade - nosso embaraço em encontrar as formas de luta adequadas - não virá de que ainda ignoramos o que é poder ? Afinal de contas foi preciso esperar o século XIX para saber o que era exploração; mas talvez ainda não se saiba o que é poder. [...] Existe atualmente um grande desconhecido: quem exerce o poder ?" (FOUCAULT: 1992, p. 75). Para Foucault, as formas de controle, tem como conseqüência o poder irradiando-se como uma rede que permeia todo o corpo social, produzindo diferentes pontos ou como diz Foucault, “campos de forças” que perpassa todo o corpo/cotidiano social não sendo por isso, localizado num ponto central. O poder se constitui enquanto "relações de forças.” E, de forma que; é possível então perceber o sentido de suas análises sobre os mecanismos, as técnicas e tecnologias de poder em funcionamento por todo o corpo social.
Fonte:http://pt.shvoong.com/law-and-politics/1718810-formas-controle-corpos-d%C3%B3ceis-vigiar/#ixzz1Vi9MMGwQ  

14/07/2011

Enquanto as flores renascem

Neste coração que não cala.
Pensamentos sentidos amadurecem.
Pelas alas do tempo!
Deixar ir com o vento
Pelo embalo das ondas
Na felicidade do sol
Poesia que as estrelas revelam!
Só por este momento, esquecer os ruídos.
Antigos, lamentos do mundo.
Não há nada a explicar, apenas refletir...
Cabem neste agora, todos os amores vividos.
Bons tempos revivem nas almas lavadas...
Há mistérios por detrás desta vidraça, deste inverno, destas vidas!
Enquanto o orvalho frio nos distrai.
Lembranças partidas...
Uma voz que chama, no silêncio da noite!
Caminhos fugidios deixaram as lágrimas nas nascentes dos rios.
Madrugadas esquecidas, no espelho das águas.
Maresias dentro d’alma esperam o verão.
Enquanto as flores renascem...
No sutil encontro desta estação!
Alba Simões

(Para a amiga Jackie Freitas!) 

Obrigada por nos dedicar sua plena e sábia escrita.
Seus pensamentos e profundas reflexões sobre os nossos mais preciosos valores existenciais!
Sempre compartilhado com muita dedicação, coragem e otimismo.
Esta " Fênix "nos é absolutamente imprescindível!
Feliz Aniversário!
Seja sempre iluminada a conduzir muitas vidas!
Com inúmeros renascimentos de maturidade, confiança e sabedoria!
Desejamos-lhe muitas felicidades, hoje e sempre!

26/05/2011

Afinal que raios é a globalização?


Eu nascia da surpresa,
Agora na previsão;
Eu  não saia de casa,
Agora vou para creche;
Eu namorava alguém,
Agora estou ficando;
Eu decorava tudo,
Agora uso o Google;
Eu jantava na hora da família,
Agora do microondas;
Eu fazia passeatas,
Agora nem serenata;
Eu escolhia uma faculdade,
Agora estudo em várias;
Eu queria ser doutor,
Agora inventor;
Eu saia de casa cedo,
Agora sou canguru;
Eu casava lá pelos vinte,
Agora quase aos quarenta;
Eu jamais me separava,
Agora só divorcio;
Eu me aposentava aos cinqüenta,
Agora mudo de profissão;
Eu morria aos setenta,
Agora tenho morte lenta;
Se alguém me perguntar o que vou fazer agora,
Antes por favor me responda:
Afinal que raios é a globalização?


Jorge Forbes

Video de DIvulgação do módulo "A psicanálise do século XXI. Lacan para desesperados da crise" Café Filosófico 2009

19/05/2011

“Entre quatro paredes”

..." Sartre salienta que quando nos abstemos da responsabilidade por nossas escolhas, estamos agindo segundo aquilo que denominou “má fé” da consciência, ou seja, estamos nos isentando de atentar para a liberdade que temos à nossa inteira disposição, de graça. A má fé consiste em fingirmos não ser livres e podermos então, debitar nossa infelicidade ou fracasso à causas externas a nós (os pais, o “inconsciente freudiano”, o ambiente, a personalidade indômita etc). Sartre chama isso de covardia. Não sendo livres para deixar de ser livres, estamos pois “condenados à liberdade”.
Esse “ser”, construído através daquilo que se escolhe (até mesmo quando não se escolhe já está se escolhendo) pode ser explicitado também através da relação com os outros. Essa relação se dá pela experiência do olhar, do corpo. O olhar do outro me objetiva, me torna real. O outro atesta minha existência e isso instiga e inquieta.  Desencadeia uma crise de aceitação pois só desejo ver refletido no outro o melhor de mim mesmo. Porém, o outro enxerga mais do que gostaríamos, desconhece nossas motivações interiores.

Na peça teatral “Entre quatro paredes” (1944), Sartre pondera-se sobre a questão da imagem e ilustra suas idéias filosóficas. A fenomenologia do Outro e do “ser para outro” foi um dos mais bem acabados pensamentos de Sartre. A dialética humana de “ser um com o outro” é central: ver e ser visto corresponde a dominar e a ser dominado.
Após morrer, três indivíduos vão parar no inferno (não se trata do estereotipado inferno cristão,com diabinhos, fornalhas etc.). Garcin, era um homem de letras. Pretendia ser um herói e foi um covarde. Seu maior tormento é que suas novas companheiras desvendam sua condição de covardia, que não pode ser mudada. É em vão que luta para fugir da pecha de covarde.
Estelle é uma fútil burguesa que ascendeu socialmente pelo casamento. Em nome do conforto, assassinou o bebê que teve com o amante e vê este, tomado pelo desgosto, suicidar-se. Tenta redimir-se atribuindo sua culpa ao destino. Deseja a paixão como forma de escapar à realidade.
Inês é homossexual, funcionária dos correios, agressiva, admite suas culpas. É a única que não procura se desculpar e compreende estar no inferno. O ódio a alimenta; sádica, goza com o sofrimento dos outros.
Não foram parar no inferno a toa: cada um responde por um crime. Estão confinados numa sala, sem espelhos, sem necessidade de se alimentar ou de dormir, por toda eternidade. São obrigados a se ver através dos olhos dos outros; olhos esses que não teriam sido os escolhidos para se conviver. Vaidosa e egoísta, é patético o desespero de Estelle por um espelho. Inês arregala os olhos para que ela possa se enxergar: ela se vê, tão pequenina... Tudo isso os incomoda bastante, pois não conseguem enganar uns aos outros por muito tempo e, aos poucos vão se constrangendo cada vez mais.
Inês tentará conquistar Estelle, que a repudiará. Estelle, por sua vez, buscará a paixão de Garcin, que a ignora. Inês, interessada em Estelle, jogará um contra o outro, explicitando as faltas deploráveis de ambos; faltas essas que nenhum quer admitir. Numa convivência insuportável, Estelle, revoltada, tenta matar Inês, mas ela dá boas gargalhadas: já está morta. Garcin tenta, inutilmente, convencê-la de que não é um covarde. Não conseguindo, tenta se vingar amando Estelle diante de Inês.
Sem que possam sequer expiar suas faltas, descobrem o horror da nudez psíquica que os outros lhes evidenciam. Está revelado o verdadeiro inferno: a consciência não pode furtar-se a enfrentar outra consciência que a denuncia, por isso: “o inferno são os outros”.
“Os Outros” são todos aqueles que, voluntária ou involuntariamente, revelam de nós a nós mesmos. Algumas vezes, mesmo sufocados pela indesejada presença do outro, tememos magoar, romper, ferir e, a contra-gosto, os suportamos. Uma vez que a incapacidade de compreender e aceitar as fraquezas humanas torna a convivência realmente um inferno, o angustiante existencialismo ateu sartriano não nos deixa saída. Sem o mínimo de boa-vontade, não há paraíso possível.

Artigo Extraído: Sartre: “O inferno são os outros”
Luciene Félix
Professora de Filosofia e Mitologia Greco-Romana da ESDC
Fonte da Pesquisa:http://www.esdc.com.br/CSF/artigo_2008_02_sartre.htm 
Fonte da Imagem:http://stone-lion.blogspot.com/2010/01/entre-quatro-parede-nydia-licia-sergio.html

Entre quatro paredes – Jean-Paul Sartre. Tradução: Alcione Araújo e Pedro Hussak. 3ª ed. - Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2007.


03/03/2011

O Mito de Sísifo


Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo, em conseqüência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.
Diz-se ainda que, estando Sísifo quase a morrer, quis, imprudentemente, pôr à prova o amor de sua mulher. Ordenou-lhe que lançasse o seu corpo, sem sepultura, para o meio da praça pública. Sísifo encontrou-se nos infernos. E aí, irritado com uma obediência tão contrária ao amor humano, obteve de Plutão licença para voltar à terra e castigar a mulher. Mas, quando viu de novo o rosto deste mundo, sentiu inebriadamente a água e o sol, as pedras quentes e o mar, não quis regressar à sombra infernal. Os chamamentos, as cóleras e os avisos de nada serviram. Ainda viveu muitos anos diante da curva do golfo, do mar resplandecente e dos sorrisos da terra. Mercúrio veio pegar no audacioso pela gola e, roubando-o às alegrias, levou-o à força para os infernos, onde o seu rochedo já estava pronto.
Já todos compreenderam que Sísifo é o herói absurdo. É-o tanto pelas suas paixões como pelo seu tormento. O seu desprezo pelos deuses, o seu ódio à morte e a sua paixão pela vida valeram-lhe esse suplício indizível em que o seu ser se emprega em nada terminar. É o preço que é necessário pagar pelas paixões desta terra. Não nos dizem nada sobre Sísifo nos infernos. Os mitos são feitos para que a imaginação os anime. Neste, vê-se simplesmente todo o esforço de um corpo tenso, que se esforça por erguer a enorme pedra, rolá-la e ajudá-la a levar a cabo uma subida cem vezes recomeçada; vê-se o rosto crispado, a face colada à pedra, o socorro de um ombro que recebe o choque dessa massa coberta de barro, de um pé que a escora, os braços que de novo empurram, a segurança bem humana de duas mãos cheias de terra. No termo desse longo esforço, medido pelo espaço sem céu e pelo tempo sem profundidade, a finalidade está atiginda. Sísifo vê então a pedra resvalar em poucos instantes para esse mundo inferior de onde será preciso trazê-la de novo para os cimos. E desce outra vez à planície.
É durante este regresso, esta pausa, que Sísifo me interessa. Um rosto que sofre tão perto das pedras já é, ele próprio, pedra! Vejo esse homem descer outra vez, com um andar pesado mais igual, para o tormento cujo fim nunca conhecerá. Essa hora que é como uma respiração e que regressa com tanta certeza como a sua desgraça, essa hora é a da consciência. Em cada um desses instantes em que ele abandona os cumes e se enterra a pouco e pouco nos covis dos deuses, Sísifo é superior ao seu destino. É mais forte do que o seu rochedo.
Se este mito é trágico, é porque o seu herói é consciente. Onde estaria, com efeito, a sua tortura se a cada passo a esperança de conseguir o ajudasse? O operário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante a sua descida. A clarividência que devia fazer o seu tormento consome ao mesmo tempo a sua vitória. Não há destino que não se transceda pelo desprezo.
Se a descida se faz assim, em certos dias, na dor, pode também fazer-se na alegria. Esta palavra não é de mais. Ainda imagino Sísifo voltando para o seu rochedo, e a dor estava no começo. Quando as imagens da terra se apegam de mais à lembrança, quando o chamamento da felicidade se torna demasiado premente, acontece qua a tristeza se ergue no coração do homem: é a vitória do rochedo, é o próprio rochedo. O imenso infortúnio é pesado de mais para se poder carregar.
Mas as verdades esmagadoras morrem quando são reconhecidas.
Não descobrimos o absurdo sem nos sentirmos tentados a escrever um manual qualquer da felicidade. "O quê, por caminhos tão estreitos?..." Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. "Acho que tudo está bem", diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe. O seu rochedo é a sua coisa. Da mesma maneira, quando o homem absurdo contempla o seu tormento, faz calar todos os ídolos. No universo subtamente entregue ao seu silêncio, erguem-se as mil vozinhas maravilhosas da terra. Chamamentos inconscientes e secretos, convites de todos os rostos, são o reverso necessário e o preço da vitória. Não há sol sem sombra e é preciso conhecer a noite. O homem absurdo diz sim e o seu esforço nunca mais cessará. Se há um destino pessoal, não há destino superior ou, pelo menos, só há um que ele julga fatal e desprezível. Quanto ao resto, ele sabe-se senhor dos seus dias. Nesse instante sutil em que o homem se volta para a sua vida, Sísifo, regressando ao seu rochedo, contempla essa seqüência de ações sem elo que se torna o seu destino, criado por ele, unido sob o olhar da sua memória, e selado em breve pela sua morte. Assim, persuadido da origem bem humana de tudo o que é humano, cego que deseja ver e que sabe que a noite não tem fim, está sempre em marcha. O rochedo ainda rola.
Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz.
Adaptação do texto de Albert Camus

17/09/2010

Dancem macacos Dancem



" Há bilhões de galáxias  que se pode observar no universo no universo, e cada uma delas contém centenas de bilhões de estrelas, em uma dessas galáxias orbitando uma dessas estrelas existe um pequeno planeta azul.
 Este planeta é governado por um bando de macacos. Mas esses macacos não pensam em si mesmos como macacos. Eles nem se quer pensam em si mesmos como animais, de fato, eles adoram listar todas as coisas que eles acham ser diferentes  dos  animais: Polegares opositores, auto-consciência, eles usam palavras como Homo Erectus e Australopithecus. Você diz to-ma-te eu digo to-ma-ti. Eles são animais, certo?
Os Macacos !!!
Macacos com tecnologia de fibra óptica digital de alta velocidade, mas ainda são macacos. Quero dizer, eles são espertos, você tem que aceitar isso. Construíram as pirâmides, os arranha-céus, os jatos, a Grande Muralha da China, isso tudo são obras muito impressionantes, para um bando de macacos.


Macacos cujos cérebros evoluíram para um tamanho ingovernável que agora é  insustentável para eles ficarem felizes por muito tempo.
Na verdade, eles são os únicos animais que pensam que deveriam ser felizes, todos os outros animais podem simplesmente são.


Mas não é tão simples para os macacos, pois os macacos são amaldiçoados pela  consciência e assim os macacos têm medo, os macacos se preocupam, os macacos se preocupam com tudo mas acima de tudo com o que todos os outros macacos pensam. Porque os macacos querem desesperadamente enturmar-se com os outros macacos. O que é bem difícil, porque a maior parte dos macacos se odeia.


Isto é o que realmente os distingui dos outros animais. Estes macacos odeiam. Eles odeiam macacos que são diferentes, macacos de cores diferentes, macacos de lugares diferentes.
Pois os macacos se sentem sozinhos, todos os 6 bilhões deles.


Alguns dos macacos pagam outros macacos  ouvirem seus problemas. Os macacos querem respostas, os macacos sabem que vão morrer, então os macacos constroem os seus deuses e os idolatram. Então os macacos começam a discutir quem fez o deus melhor, e os macacos ficam irritados e é quando geralmente os macacos decidem que é a hora certa de começar a matar uns aos outros.
Então os macacos fazem guerra. Os macacos fazem bombas de hidrogénio, os macacos têm o planeta inteiro pronto para explodir, os macacos não sabem o que fazer.


Alguns dos macacos tocam para uma multidão vendida de outros macacos. Os macacos fazem troféus e então eles os dão uns  aos outros, como se isto significasse algo.


Alguns dos macacos acham que sabem de tudo, alguns dos macacos lêem Nietzsche, os macacos discutem Nietzsche sem dar qualquer consideração ao fato de que Nietzsche era só outro macaco.


Os macacos fazem projetos , os macacos se apaixonam, os macacos fazem sexo e então fazem mais macacos. Os macacos fazem música, e então os macacos dançam, dancem macacos, dancem! Os macacos fazem muito barulho, os macacos têm tanto potencial. Se eles pelo menos se conhececem. Os macacos raspam o pêlo de seus corpos numa ostensiva negação de sua verdadeira natureza de macaco.


Os macacos constroem gigantes colmeias de macacos que eles chamam de "cidades". Os macacos desenham um monte de linhas imaginárias na terra. Os macacos estão ficando sem petróleo, que movimenta sua precária civilização. Os macacos estão poluindo e saqueando seu planeta como se não houvesse amanhã. Os macacos gostam de fingir que está tudo bem.


Alguns dos macacos realmente acreditam que o universo inteiro foi feito para seu benefício, como você pode ver, esses são uns macacos confusos.


Estes macacos são ao mesmo tempo as mais feias e mais belas criaturas do planeta, e os macacos não querem ser macacos, eles querem ser outra coisa mas não são."

Créditos
Autor do Texto: Ernest Cline ( comediante e escritor )
Vídeo por:luciotannus
Colaboração de Pesquisa: Hélio Jenné






22/06/2010

Em busca dos efêmeros - Márcia Tiburi



Ando em busca dos Efêmeros.
Encontro-os por todos os lados.
Passantes calmos ou aflitos, vendo-se ou vendo-me.
Os efêmeros são os vivos, os que podemos ver, e os fantasmas que vemos mesmo que não existam, e os que existem e não podemos ver. 
Qual a cegueira que nos toca, que nos impede a mira?
O que eu veria se destapasse os olhos? Veria os efêmeros, os que se escondem, atrás de suas próprias nucas, e à sua frente perdidos de si mesmos em busca de si mesmos por meio de outros, e os outros? 
Outros, os desistentes e os insistentes, os efêmeros com seus sapatos, saias, bolsos, máquinas de fotografar, sombras; lêem livros, fazem teatro, assistem,esperam, comem, andam, olham, chegam, vêem, vão, os efêmeros estão por todos os lados, simples, complexos, apressados, com seus trejeitos, sorrisos, fome, seus objetos de espera, de sedução, repetem a vida, repetem a morte em vida, repetem a vida em vida, a armadura que sustenta toda vertigem.  Os efêmeros formam atalhos, desvios, andam, andam, seguem lemingues sempre prontos ao abismo lento ao qual demos o nome de esperança. Os efêmeros são feitos de sinais, filigranas, fascínio, atenção, esperas, pés no chão, amor, prazer, conversas, ordens, são antípodas, são a nossa imitação. 
Os efêmeros nos perguntam e não respondem, os efêmeros só esperam que os ajudemos a atravessar a grande vertigem.
Sempre a espera do grande contentamento invisível.
Desnudemos os olhos.
Queremos nossos olhos nus para que os efêmeros passem em seu cortejo triunfal em paz.
Os efêmeros somos nós.”
Autora: Márcia Tiburi

01/06/2010

Jean-Paul Sartre Entrevista ( Parte 2 )

 

Jean-Paul Sartre Entrevista ( Parte 3 )

 

Jean-Paul Sartre Entrevista ( Parte 4 )

Jean-Paul Sartre Entrevista ( Última parte )

/
Jean-Paul Sartre influenciou profundamente sua geração e a seguinte. Foi um mestre do pensamento e seu exemplo foi seguido por boa parte da juventude do pós-guerra, nas décadas de 1950 e 1960.
Sartre tentou ilustrar sua filosofia com ações traduzidas em diversos engajamentos políticos e sociais. Mais que qualquer outro filósofo, é necessário conhecer algo de sua biografia para captar o pensamento sartreano, um projeto desenvolvido em três horizontes: a filosofia, a literatura e a política.
Sartre, quando estudante, não gostava de professores. Mas precisava ganhar a vida e se tornou, ele também, um professor de filosofia, aproveitando as horas de folga para escrever. Depois de algumas tentativas, conseguiu publicar uma novela, "O Muro", em 1937, e seu primeiro romance, "A Náusea", em 1938.
O início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, mudou os rumos de sua vida. Convocado pelo Exército francês, Sartre foi feito prisioneiro pelos alemães, no ano seguinte. E aproveitou sua prisão para estudar a obra do filósofo alemão Martin Heidegger. Fazendo-se passar por civil, conseguiu ser libertado.
Escreveu boa parte de suas obras durante a guerra. Mas foi nos anos 1950, quando já era um autor consagrado que publicou sua maior criação, a "Critica da Razão Dialética", em que estabelece um diálogo crítico entre o marxismo e o existencialismo.
Sartre passou um mês em Cuba, como hóspede de Fidel Castro e lhe dedicou uma reportagem no jornal France Soir. Foi autor do Manifesto dos 121, que proclamava o direito à insubordinação dos franceses que eram convocados para lutar na guerra da Argélia, então uma colônia francesa na África.
Em 1964 ganhou o Prêmio Nobel de Literatura - mas o recusou, porque não acreditava em se submeter a juízes e seus julgamentos, mesmo quando premiado. Ficou ao lado dos estudantes em maio de 1968, quando os jovens, decididos a viver de acordo com seus próprios valores, se revoltaram em Paris.

05/04/2010

FREUD TRECHO FINAL DO FILME ALÉM DA ALMA

Filósofos como Platão, Spinoza, Freud e Moran fazem parte de uma tradição que vê o autoconhecimento como uma conquista ou realização que "Sou dos escritores que não sabem dizer coisas inteligentes sobre seus personagens, suas técnicas ou seus recursos. Naturalmente, tudo que faço hoje é fruto de minha experiência de ontem: na vida, na maneira de me vestir e me portar, no meu trabalho e na minha arte/ Não escrevo muito sobre a morte: na verdade ela é que escreve sobre nós - desde que nascemos vai elaborando o roteiro de nossa vida/ O medo de perder o que se ama faz com que avaliemos melhor muitas coisas. Assim como a doença nos leva a apreciar o que antes achávamos banal e desimportante, diante de uma dor pessoal compreendemos o valor de afetos e interesses que até então pareciam apenas naturais: nós os merecíamos, só isso. Eram parte de nós./ O amor nos tira o sono, nos tira do sério, tira o tapete debaixo dos nossos pés, faz com que nos defrontemos com medos e fraquezas aparentemente superados, mas também com insuspeitada audácia e generosidade. E como habitualmente tem um fim - que é dor - complica a vida. Por outro lado, é um maravilhoso ladrão da nossa arrogância./ Quem nos quiser amar agora terá de vir com calma, terá de vir com jeito. Somos um território mais difícil de invadir, porque levantamos muros, inseguros de nossas forças disfarçamos a fragilidade com altas torres e ares imponentes./ A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura./ Às vezes é preciso recolher-se".traz saúde e liberdade para a pessoa. Esse projeto ético tem suas raízes no dito do oráculo de Delfos que tanto influenciou Sócrates: Conhece-te a ti mesmo. De acordo com essa tradição, o autoconhecimento é uma realização, ao invés de algo dado ou prontamente disponível ao sujeito. Para conhecer-se a si mesmo, o sujeito precisa refletir, e interpretar a si mesmo. Há subdivisões dentro dessa tradição. Primeiro, há os filósofos da antiguidade que viam o autoconhecimento como algo bom por si ou por fins práticos. Segundo, autores confessionais, como Agostinho e Rousseau. Terceiro, os que vêem o autoconhecimento como algo moralmente valioso, mas difícil de ser alcançado por causa da natureza inefável do sujeito. Entre os defensores de tal posição está Nietzsche, em alguns momentos. Quarto, os que vêem o auto-conhecimento como uma autocrítica. Tal posição é encontrada no Eclesiastes, em Spinoza, em Nietzsche, Heidegger, Sartre e Moran.