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17/09/2011

De Braços Abertos: Maria Adelaide Amaral

 “O Teatro Brasileiro e a Censura": 3ª Edição
Dando continuidade a série, selecionamos a peça: De Braços Abertos, 1984  homenageando um grande ícone da Dramaturgia Brasileira: Maria Adelaide  Amaral.
Autora de várias  obras literárias e teatrais de sucesso que inclui 14 peças.
Das quais se destacam: Resistência, 1974 que foi sua estréia profissional nos palcos; Bodas de Papel, 1976 (recebendo os prêmios Moliére, Ziembinsky, Governador do Estado e da Associação dos Críticos de Arte na categoria melhor autor nacional); Chiquinha Gonzaga, 1982; De Braços Abertos, 1984 e Querida Mamãe, 1994; todas vencedoras do Moliére de melhor autor nacional.
A Resistência reproduz o ambiente de redação de uma revista em decadência, na qual a autora trabalhava, tendo como pano de fundo o clima político de 1970. A peça se desenvolve em um único dia de trabalho, sugerindo duas realidades complementares, as angústias, esperanças, descontentamentos dos jornalistas em relação à empresa, à carreira, ao cotidiano e à atmosfera de repressão política e cultural, cuja realidade se impõe de maneira indireta, mas indisfarçável. 
Em De Braços Abertos, Maria Adelaide Amaral soube muito bem captar estas recentes conquistas das mulheres, que provocavam tanto desconforto nos homens daquela geração. Tendo como pano de fundo – e não passando disso – ecos do momentopolítico anterior ao do tempo do texto teatral, fins da ditadura militar no país, a dramaturga desdobra os poucos acertos e muitos erros de um casal cujo maior problema residia na independência de Luísa e na não aceitação dessa mulher emergente por
Sérgio Vincenzo ainda destaca a importância dada a psicologia das personagens e como ela também foi muito bem recebida (e recomendada) por psicólogos  e psicanalistas a casais com problemas em seus relacionamentos. 
Seguindo esse traço psicológico da relação entre Sérgio e Luísa, Ana Lúcia de Andrade ressalta como a ação do texto se concentra toda no “(des) encontro do casal”.
“Tudo gira em torno do problema de como se maneja a afetividade em uma cultura que parece negá-la”. Desse modo, Andrade coloca uma outra questão que é somada a nova mulher emergente de que fala Vincenzo em sua crítica a respeito das mulheres independentes. Essa questão se deve ao fato de tanto Sérgio, como também Luísa não assumirem profundamente a relação, nem socialmente, pois continuam amantes, nem emocionalmente, já que passam boa parte se seu tempo juntos “disparando farpas” um contra o outro.
"De Braços Abertos aponta mais uma vez para as dificuldades de relacionamento dos seres humanos. No caso, um amor ameaçado pelo ciúme, a frustração, as diferenças de classe social, e envolto num clima de permanentes provocações e desavenças, acirrando o sofrimento recíproco."
De Braços Abertos é considerada até hoje a mais bem-sucedida montagem de um texto de Maria Adelaide Amaral. Foi bastante comentada e resenhada pela crítica teatral e também literária. O crítico teatral Sábato Magaldi quando da realização do espetáculo,disse que : De Braços Abertos tem a virtude de fazer uma análise paradigmática da relação de um casal, consumida pelos desajustes inevitáveis. Transcende as circunstâncias específicas de um caso amoroso, para dar-lhe um cunho genérico, interessando a quaisquer espectadores que um dia tiveram uma experiência semelhante. Pelos seus valores humanos e artísticos.
A peça elevou Maria Adelaide ao primeiro plano da  dramaturgia brasileira.
O texto teatral de De Braços Abertos tem uma trama centrada na relação entre o casal, seja no passado da relação vivida, seja no presente do reencontro depois de cinco anos. Toda a ação se dá a partir das experiências vividas por Sérgio e Luísa. Embora a perspectiva seja feminina, da “visão de uma mulher não integrada ao sistema patriarcal”
O interesse central da peça se dá na vida íntima de um casal de amantes e sua relação com o amor que sentem um pelo outro. Dessa forma, mesmo sendo o ponto de vista de Luísa claramente predominante, o olhar de Sérgio “vaza” através dos diálogos e, principalmente, de seus solilóquios. Portanto, em De Braços Abertos, tanto Luísa quanto Sérgio, têm o poder de defender seu ponto de vista e dar seu testemunho do que foi o relacionamento do casal de amantes um para o outro. O passado e o presente vão se revezando, mostrando o casal nos tempos da relação e seu reencontro (sem reconciliação) cinco anos depois.
Recomendamos que você assista o vídeo da entrevista com a Autora, Dramaturga e Novelista: Maria Adelaide AmaralOnde ela fala da sua vida, o começo da sua carreira de escritora, suas técnicas para escrever e a inspiração para a criação de seus personagens.

Para conhecer a Biografia completa, Obras e Prêmios da Escritora e Dramaturga Maria Adelaide Amaral acesse o Site 

26/08/2011

O Teatro Brasileiro e a Censura


Na década de 70 a censura imposta pelo governo militar chega ao auge. Os autores são obrigados a encontrar uma linguagem que drible os censores e seja acessível ao espectador.
Nessa fase, surge toda uma geração de jovens dramaturgos cuja obra vai consolidar-se ao longo das décadas de 70 e 80:
Destacamos os autores abaixo relacionados e suas respectivas peças que tiveram seus textos tolhidos pelas ordens ditatoriais:
Mário Prata (Bésame mucho),
Fauzi Arap (O amor do não),
Antônio Bivar (Cordélia Brasil),
Leilah Assunção (Fala baixo senão eu grito),
Consuelo de Castro (Caminho de volta),
Isabel Câmara (As moças),
José Vicente (O assalto),
Carlos Queiroz Telles (Frei Caneca),
Roberto Athayde (Apareceu a margarida),
Maria Adelaide Amaral (De braços abertos),
João Ribeiro Chaves Neto (Patética),
Flávio Márcio (Réveillon),
Naum Alves de Souza (No Natal a gente vem te buscar)
Não poderíamos deixar de citar obras que também marcaram esta época:
Como as montagens feitas, em São Paulo, pelo argentino Victor García: ''Cemitério de automóveis'', de Fernando Arrabal, e ''O balcão'', de Jean Genet.
Quando nesta última, ele chega a demolir internamente o Teatro Ruth Escobar para construir o cenário, uma imensa espiral metálica ao longo da qual se sentam os espectadores. 
Nas próximas semanas estaremos publicando vídeos sobre estes espetáculos, edição de reportagens, trechos destas maravilhosas obras e seus respectivos autores.
Quem quiser colaborar com a edição desta série e possua algum material inédito ou mesmo já veiculados sobre estas peças teatrais, pedimos que entrassem em contato.
Pois é de relevante importância para o resgate e a divulgação da nossa memória cultural!
A proposta estará aberta até o final do mês de Setembro para possíveis colaboradores.
Em retribuição divulgaremos os seus links ou sites.
E também empresas e eventos, profissionais da área artística, como forma de agradecimento!
A nossa Historia, a nossa Arte e a nossa Cultura é o grande patrimônio que devemos preservar para as gerações futuras!
By Arte e Café

02/07/2010

Nelson Rodrigues " O Anjo Pornográfico "

" Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico." Escrevia como um louco. Chegava sempre atrasado na redação, mas bastava sentar à máquina de escrever para em poucos minutos produzir os folhetins que ruborizavam as donas de casa das décadas de 40 e 50. A revolucionária peça Vestido de noiva, de 1943, ele fez em seis dias. Depois do sucesso da montagem de Ziembinski, mentia que levara meses trabalhando em cima do texto. Talvez porque, se dissesse a verdade, ninguém acreditaria. Para alguns, um conservador asqueroso que o Brasil deveria colocar no paredão de fuzilamento; para outros, simplesmente um gênio. Além das obras escandalosas, o escritor ainda dava declarações do tipo "mulher tem que ser burra", "adoro visitar cemitérios" e "nem toda a mulher gosta de apanhar, só as normais". É verdade que jamais bateria em alguém. Porém, logo que casou com Elza - escondido dos pais dela, que também o consideravam um depravado -, em 1940, pediu que ela deixasse de ser secretária para ficar cuidando da casa. Embora tivesse várias amantes, foi um marido dedicado, até a separação, 22 anos depois. Só não trocava nenhum Fla-Flu no Maracanã pelos programas familiares de domingo. Nelson morreu em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos, depois de sobreviver a sete paradas cardíacas. Sucumbiu a uma trombose e à insuficiência respiratória e circulatória. "Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura, é realmente, minha ótica ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."