Deixo o mar esculpir a pedra, adormeço numa caverna sem tempo ou memórias.
Fico como uma ostra perdida, na dor que se faz a pérola.
Este é meu mundo real, onde habitam todos meus personagens: Os bons e os maus.
Os bons me aconselham a retidão e o silencio, os maus me convidam ao mergulho em busca de alimentos...
Muito longe ficaram as cidades perdidas, os loucos engaiolados na matéria.
Minha alma está em paz, há uma parede invisível que me separa.
Vejo tudo o que não me faz mais sentido: As coisas acumulam poeira, as coisas estão sempre sujas, e todas estas
coisas tem um preço.
E neste mundo os loucos se deslumbram por coisa que brilham nas vitrines, coisas que depois de adquiridas perdem o brilho, em pouco tempo viram entulho, e como nós viram pó.
Porque este frenesi em adquirir consumir, construir, demolir é implantado pela
Matrix de um sistema caótico.
E ainda tem as
embalagens para o desespero dos consumistas, e as malditas etiquetas nos lugares mais impróprios das roupas.
Aquelas que coçam na nuca ou na lateral das costelas...
O aspirador de pó ligado, um
celular tocando e os ponteiros te mostrando que você sempre está
atrasado.
”A melhor maneira de sair do inferno é saber onde fica a porta da entrada”.
Alba Simões
( Mundo Inventado – Setembro 2015 )